sábado, janeiro 20, 2007

Em busca de um nome para um computador

Na rede do atelier, cada máquina Apple tem um nome. É uma coisa simples de configurar e que facilita a identificação do computador pelo usuário da rede. O mais recente, um G3 bege, é o Azsmann, em homenagem ao Francisco Azsmann, fotógrafo húngaro que passou a habitar a cidade do Rio de Janeiro após a Segunda Guerra Mundial. Azsmann se dedicou e muito a conseguir medalhas em salões de fotografia e se intitulava o expositor mais premiado do mundo fotográfico. No mundo dos fotoclubes isso era grande coisa. Deixando de lado todos os pressupostos do tempo em que Azsmann viveu e fotografou, seu trabalho era bem resolvido tecnicamente. Em 1961 ele publicou o livro "Fotomontagem e Arte" abrindo as portas para seu ambiente criativo e técnico. O livro trás detalhes e dicas que podem ser úteis para quem curte experimentar no laboratório fotográfico. É um livro raro.
Ao lado do Azsmann fica o Performa 6320 ou tambem o Moholy-Nagy. Ficam ligados por um cabo serial que possibilita uma rede Localtalk. Moholy-Nagy é creditado com a frase acerca dos iletrados do futuro não serem aqueles que não saberiam ler, mas sim aqueles que não soubessem fotografar. No entanto ainda não estou certo se foi ele ou Franz Roh, seu compadre. Seus textos estão justapostos no livro editado por Allan Trachtenberg: Classic Essays on Photography, imperdível. As fotomontagens e os fotogramas de Laszlo Moholy-Nagy ampliaram os horizontes de fotografia na primeira metade do século XX, até porque Moholy-Nagy também defendia que não é necessária uma câmara fotográfica para fotografar.
Mais ao lado fica De Barros, um G3 azul e branco. Geraldo de Barros nasceu no interior paulista. Organizou o laboratório fotográfico do MASP e ali dentro deu início aos trabalhos da exposição Fotoformas, muito lembrado pelas sobreposições de negativos de assuntos que contem transparências. Participou ativamente do movimento modernista no Brasil. Sua fotografia trouxe inovação e experimentação. Nos anos 90, o trabalho da exposição Fotoformas foi novamente exibido no MIS-SP. O catálogo dessa exposição também é um item raro nas prateleiras.
Sem endereço certo vive Man Ray um iBook branquinho. Emmanuel Radnitzky era norte-americano mas viveu boa parte de vida como imigrante em Paris. Explorou a solarização, o fotograma, a ampliação em negativo, enfim as várias subversões do meio fotográfico. Man Ray rebatizou seus fotogramas de Rayogramas, como rebatizou a si próprio de Man Ray. Modernista, dadaista ou surrealista, Man Ray também explorou diversas técnicas além da fotografia: pintura, cinema, escultura, colagem, assemblage. E fez lindas fotos de dois bonecos de madeira nas várias posições sugeridas pelo Kama Sutra.
Se me aparecer mais um computador, qual nome darei a ele?

2 comentários:

luish disse...

prezado,
estou sentindo falta de um toque feminino nesta familia de eletrônicos (estranho chamar uns macs de eletrônicos...). Que tal Cameron, nossa querida criadora de imagens teatralizadas, seria o começo das realidades construídas?, usando como modelos seus belos familiares? ou que tal Stepanova, bela artista do construtivismo russo e companheira de Rodchenko, mas esta é mais cenografista e designer. Arbus também é otima pedida, Goldin já acho que é querer correr riscos de uma vida muito atribulada, pode dar pau no mac, sei lá. Mas a preferida mesmo é Woodman, a jovem inquieta e extremamente expressiva com sua fotografia.

Chico Rivers disse...

Se for um iPod, pode colocar o nome do Cartier-Bresson, já que ele fica andando por aí com elegância formal.Eu não deixaria de ter um Robert Frank em casa, pelo menos como companhia para os dias melancólicos. Um Koudelka ajudaria em tudo que for aleatoriamente organizado, como pastas e arquivos que inexplicavelmente se encontram e insistem em viver juntos.