sábado, maio 26, 2007

Câmara Corporal

Para tirar uma foto é preciso se aproximar do outro. Mas se aproximar não é chegar perto, é estar com o outro, ficar com o outro, restar com o outro, levá-lo para sempre dentro de nós mesmos. É quando essa consumação se torna imediatamente possível que a foto acontece. Não é preciso possuir.... nem uma câmera...

E lá vai o meu outdoor:
A câmara corporal é fototemporal

sexta-feira, maio 25, 2007

BolaBox

BolaBox
fiz uma nova câmera, a BolaBox. aí vai uma das primeiras fotos, que eu estraguei por acaso e por acaso saiu boa, gostei. ela faz imagens redondas. a terra, dizem, como é. ainda faltam alguns ajustes. percebam que o foco tá parecendo pinhole, deve ser o hábito do dono. o obturador é à moda antiga, destapar e tapar a objetiva manualmente. a objetiva é intercambiável, muito chique a BolaBox. aceita tanto Nikon quanto Canon quanto Pentax quanto Paraguaias mil. que democrática.

terça-feira, maio 15, 2007

O mundo é das digitais

Até agora, ninguém me olhou esquisito por eu carregar uma FM2, mas eu posso garantir que todos que cruzaram comigo em 10 dias de viagem tinham uma digital para fotografar. E olha que nao foi pouca gente, considerando que eu estive na meca turística do Peru, Machu Picchu. Tem um monte de gente com essas compactas de LCDs enormes e vários caras "sérios" com suas gigantes D200 ou equivalentes. E no trem de volta, esses caras ficavam olhando as fotos do dia e mostrando para os amigos seus melhores ângulos. Mas o mais engracado mesmo é o objetivo comum de todos: conseguir a famosa foto do cartao postal! Pra garantir a nossa pose em frente às ruínas, já na hora de ir embora, eu e meu irmao pedimos pra quem entende dessas coisas: largamos a câmera na mao de um japonês e seguimos suas orientacoes de dar uns passinhos pro lado. O Marcus garante que vai pro porta-retrato!

segunda-feira, maio 07, 2007

A foto da capa


Mastrangelo Reino. Folha Imagem 07.05.2007




Hoje pela manhã, após um belo domingo desconectado dos meios de comunicação, encontro na primeira página da Folha de São Paulo uma impactante fotografia. O autor, Mastrangelo Reino, capturou com sua digital, na madrugada de sábado para domingo, 16 policiais militares (você conta mais?) no confronto com os ditos fãs do grupo racionais MC’s, no centro de São Paulo. Sendo o destaque imagético único da Virada Cultural na capa do jornal, ocupou todo o terço superior. Com tamanho destaque (aliás, merecido pela imagem) algumas perguntas ficaram na minha cabeça:
A capa só serve para vender o jornal, ou já transmite idéias e valores sobre os “fatos”? O título que acompanha a fotografia (Virada tem público recorde e depredação) serve como contraponto, atenuante, ou fica a imagem de que o tumulto foi mais importante que a festa? Não teria o banco de imagens da Folha uma fotografia espetacular da festa para por ao lado desta ou para dar como destaque (ou no caso, o incrível dessa imagem é realmente único)? Os fotógrafos do Jornal só buscam confusão e não conseguem fotografar espetacularmente (como parece exigir uma primeira página) a festa popular?
Ou seria a imagem da violência já contraponto das duas fotografias abaixo, a saber: Felizes jogadores do Santos F.C. comemorando a conquista do campeonato e o beijo dos noivos (pais de Enzo, 7; 2º. Milagre atribuído a frei Galvão?!?!?)?
Como articular denúncia e informação?
Por fim, o que é espetacular, e o que se tornou banal: 3,5 milhões de pessoas se divertindo no centro da metrópole em plena madrugada ou o confronto da PM nas ruas da cidade?

P.S.: Obviamente duvido que seja incapacidade dos fotógrafos cujas fotografias admiro freqüentemente nas páginas do jornal. E todas as minhas medalhas (mesmo que eu não tenha mérito para conceder nenhuma) para Mastrangelo Reino, que afinal deve estar muito feliz com ter emplacado a capa. Eu também ficaria.