Para tirar uma foto é preciso se aproximar do outro. Mas se aproximar não é chegar perto, é estar com o outro, ficar com o outro, restar com o outro, levá-lo para sempre dentro de nós mesmos. É quando essa consumação se torna imediatamente possível que a foto acontece. Não é preciso possuir.... nem uma câmera...
E lá vai o meu outdoor:
A câmara corporal é fototemporal
Um comentário:
dentre os sentidos humanos, ver, ouvir e cheirar são feitos à distância. o tato e o paladar são feitos bem de perto, exigem contato físico. podemos, no entanto, modificar a escala do que afirmamos, ir para o nano-mundo, generalizar extrapolando e dizer que todos os sentidos são especializações do tato. assim nos transformaremos em seres que somente sentem e intuem, sem entrar no mérito de cada tipo de sentir. mesmo assim, a fotografia continua uma aberração, uma arapuca para o sentir que se processa fluido e de repente, não mais que num milésimo, deixa-se capturar e morre como um passarinho. talvez seja essa a morbidez que Susan Sontag dizia.
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