Uma das coisas mais chatas do universo é mostrar uma série de fotos - seja um trabalho comercial, um ensaio viajandão ou as fotos da última viagem - e ficar o tempo todo ouvindo um mala perguntar: "que câmera você usou, que filme é esse, que lente você usou?". Dito isso, uma das coisas mais difíceis de se fazer é justamente escolher o que levar na hora de viajar. Quer dizer, deve ser fácil pra quem usa sempre o mesmo equipamento, mas pra quem gosta de mudar toda hora, é um drama se decidir entre cor ou PB, filme ou digital, 120 ou 35. E como toda decisão na vida, escolher significa também se frustar um pouco. Eu era louca pra fotografar Machu Pichu e aquelas pedras incas todas com um Pan F e a minha Hassel, mas a realidade mochileira falou mais alto... Ainda assim, dei um jeito de fazer cor e PB: uma FM2 pro preto-e-branco e uma compacta que eu nem sei a marca pros coloridos.
Em junho, quem sabe, eu mostro umas fotos...
segunda-feira, abril 30, 2007
segunda-feira, abril 16, 2007
Caseiro não é o mesmo que banal
Nem tudo que parece novidade é mesmo novo. Muitas vezes, apenas notamos algo que nunca havíamos prestado atenção antes simplesmente porque nosso interesse estava noutro lugar (tipo Man Ray pra mim, mas isso é outra historia…). Não acho que só recentemente os fotógrafos se voltaram para suas vidas íntimas, suas casas, famílias, etc. E menos ainda que uma fotografia voltada para si seja banal. Ou você teria coragem de chamar de banal o trabalho de Julia Margaret Cameron, que no século XIX passou 14 anos fotografando as mulheres e crianças que viviam ao seu redor quando não estava fazendo nobres retratos de homens importantes? (só sua empregada Mary Hillier aparece - como ela mesma e como personagens mitólogicos e bíblicos - em 37 imagens de uma obra que tem catalogadas 1222. Mais sobre Cameron em um próximo post…). Já no século passado, podemos falar de Nan Goldin e de Sally Mann com seu lindo Immmediate Family. É claro, você pode não gostar por diversos motivos, mas todos os trabalhos citados tem envolvimento e qualidades suficientes para os livrarem do adjetivo banal. Isso não quer dizer que não existam trabalhos ruins por aí...
Numa Creative Camera de 1993, uma resenha sobre o livro de Mann tenta uma explicação: nos anos oitenta, uma nova geração de documentaristas se voltou para dentro de casa após o esgotamento de uma visão humanista do pós-guerra, que na década de 60 explorou intensamente uma iconografia da família baseada no distanciamento e na denúncia da pobreza e da alienação. Outra teoria, de um livro sobre "fotografia como arte contemporânea", é que a "art photography" mostra o lado "sujo" das fotos de família que todos fazem (entre outras teorias que estou com preguiça de contar). Bem, o livro fala de Nan Goldin, mas também mostra umas outras coisas ruinzinhas demais...
Ou seja, o banal não está nas coisas em si, mas nos olhos de quem as vê.
Numa Creative Camera de 1993, uma resenha sobre o livro de Mann tenta uma explicação: nos anos oitenta, uma nova geração de documentaristas se voltou para dentro de casa após o esgotamento de uma visão humanista do pós-guerra, que na década de 60 explorou intensamente uma iconografia da família baseada no distanciamento e na denúncia da pobreza e da alienação. Outra teoria, de um livro sobre "fotografia como arte contemporânea", é que a "art photography" mostra o lado "sujo" das fotos de família que todos fazem (entre outras teorias que estou com preguiça de contar). Bem, o livro fala de Nan Goldin, mas também mostra umas outras coisas ruinzinhas demais...
Ou seja, o banal não está nas coisas em si, mas nos olhos de quem as vê.
quinta-feira, abril 12, 2007
Idéias são como o vírus da gripe: estão no ar e por toda parte
Um amigo meu comentou a coluna do Guilherme no Fotosite sobre os fotogramas da Ani Pil. Disse que gostou das imagens e que elas o fizeram lembrar de um trabalho do século XIX de uma tal Anna Atkins. Será que o Guilherme conhecia? Não, nem eu, e tenho certeza que a Ani Pil também não. Fui procurar (santo google!) os trabalhos de Ms. Atkins – a ela é creditado o primeiro uso de processos fotográficos para ilustrar um livro, cianótipos de algas inglesas. As imagens são lindas e realmente têm um parentesco com os fotogramas azulados de flores de Ani, embora o primeiro tenha tido motivações científicas e o último não tem nada a ver com isso. Então tive a oportunidade de fazer cianótipos no fim de semana e resolvi fazer um com samambaias em homenagem aos de Anna. Uma coisa leva a outra e fiquei pensando na possibilidade de fazer grandes cianótipos com silhuetas humanas... Bem, aquele tom azulado me fez lembrar do lindo azul dos trabalhos do artista francês Yves Klein (1928-1962). Eu havia pensado mais nas Antropometrias, imagens produzidas a partir da tinta azul pincelada no corpo das modelos que depois se encostavam na tela seguindo as orientações do artista. Foi justamente por ter lembrado primeiro desse trabalho que fiquei um pouco decepcionada comigo mesma ao ver outros que são exatamente o que eu tinha em mente ao juntar as palavras silhueta, azul, cianótipo. Mas o pior não foi isso: logo ao lado das imagens de Klein, estão didaticamente colocadas obras em azul de Matisse e de Rauschenberg. Adivinhem o que fez Rauschenberg? Um fotograma azulado de uma silhueta feminina... Ou seja, ou as idéias estão por aí, pairando no ar e as coisas se parecem por acaso, ou a nossa mente entulhada de imagens e informações (e letras de músicas ruins!) nos apresenta como novas idéias que vimos alhures...
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