segunda-feira, abril 16, 2007

Caseiro não é o mesmo que banal

Nem tudo que parece novidade é mesmo novo. Muitas vezes, apenas notamos algo que nunca havíamos prestado atenção antes simplesmente porque nosso interesse estava noutro lugar (tipo Man Ray pra mim, mas isso é outra historia…). Não acho que só recentemente os fotógrafos se voltaram para suas vidas íntimas, suas casas, famílias, etc. E menos ainda que uma fotografia voltada para si seja banal. Ou você teria coragem de chamar de banal o trabalho de Julia Margaret Cameron, que no século XIX passou 14 anos fotografando as mulheres e crianças que viviam ao seu redor quando não estava fazendo nobres retratos de homens importantes? (só sua empregada Mary Hillier aparece - como ela mesma e como personagens mitólogicos e bíblicos - em 37 imagens de uma obra que tem catalogadas 1222. Mais sobre Cameron em um próximo post…). Já no século passado, podemos falar de Nan Goldin e de Sally Mann com seu lindo Immmediate Family. É claro, você pode não gostar por diversos motivos, mas todos os trabalhos citados tem envolvimento e qualidades suficientes para os livrarem do adjetivo banal. Isso não quer dizer que não existam trabalhos ruins por aí...

Numa Creative Camera de 1993, uma resenha sobre o livro de Mann tenta uma explicação: nos anos oitenta, uma nova geração de documentaristas se voltou para dentro de casa após o esgotamento de uma visão humanista do pós-guerra, que na década de 60 explorou intensamente uma iconografia da família baseada no distanciamento e na denúncia da pobreza e da alienação. Outra teoria, de um livro sobre "fotografia como arte contemporânea", é que a "art photography" mostra o lado "sujo" das fotos de família que todos fazem (entre outras teorias que estou com preguiça de contar). Bem, o livro fala de Nan Goldin, mas também mostra umas outras coisas ruinzinhas demais...

Ou seja, o banal não está nas coisas em si, mas nos olhos de quem as vê.

2 comentários:

Anônimo disse...

A guerra é banal. Mais banal que o vaso Chinês (!?) agora ao meu lado.

luish disse...

tacar uma pedra no vaso chinês pode ser uma banalidade para quem taca e um desastre irrecuperável para o resto da humanidade.